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Convívio Ribeirinho: Praia do Recanto da Aldeia

Convívio Ribeirinho: Praia do Recanto da Aldeia
Ilha de Santana - Amapá - Rio Amazonas

Convívio Ribeirinho: Praia do Recanto da Aldeia

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Santana - Amapá - Rio Amazonas

domingo, 19 de dezembro de 2010

CRISMA



Respingos de sonhos me falam de outrora,
De falas que nunca calaram em meu ser,
Momentos que voam de volta a meu ninho
E trazem saudades de tudo que fui,
Replantam tristezas por meus pensamentos,
Roubando a alegria pouca que sobrou,
Dos restos de olhares que só me sorriam,
Do mar que secou qual nunca naveguei.

Quimeras se esvaem as valas do destino,
Num plano sozinho à que me encaminhei,
Enquanto uns resquícios, de tal sentimento,
Fomentam a incerteza de que me encontrou,
Dos dias que me foram um dia o presente,
Quem sabe ainda sentem o amor que me flui,
E quebram a rotina que faz minha sina,
Ao ver que a menina é mulher hoje em fim.

ALUCINAÇÃO



Donde vem tupã, tanto bicho barulhento,
E quanta gente esfomeada, donde vem?

Veio...
Ouro...
Amazônia,
Porca exploração que cresceu,
Ambição ferrenha garimpeira mata,
A mata e bichos de montão,
Quem te viu ó rio transnavagável,
Verde, adornado ao natural,
No trinar da aurora ainda se escuta
Um triste pipocar no descampado,
Da cobra fumando aos jatos caem,
Mil ou dez mil barrancos, Tudo cai,
Mas quem quiser ver índio, há no museu,
Lindo e empalhado, ao bom se ver,
Fotos, utensílios e coisas que nem se imagina,
Se quiser ver mata, só no parque,
Mas corra se não nunca mais verá.

É tempo de nascer à paz,
Ressaca de um orgasmo múltiplo,
Que ao fim deixou arfante a alma,
Espíritos e corpos,
De guerreiros mortos,
A sombra de extintos seringais,
Soterrados por barrancos clandestinos,
Sob tais queimadas criminosas
Por restos de pólvoras caçadoras,
Que não só matou o sonho da vitória,
Como acabou também com a piracema,
Grande baile da desova destes rios mortos
E tão cheios de mercúrio criminosos,
Que ainda cortam serras e planícies nuas,
Varando até poronde vai a derrubada,
Lugar que até um índio já habitou um dia,
Nem sei quando e talvez nem ninguém lembre,
Ali para os cafundós do Judas,
Deste grande deserto da Amazônia,
Aquela gata tão linda, bem, já foi linda,
Que vem há mais de quinhentos anos,
Sobrevivendo “drogada e prostituída”
Pelos reis deste lugar.